quinta-feira, 4 de junho de 2009

Vôo...


Isso que dá fazer frio e a gente ficar em casa, horas sem ter nada que fazer.
Queria muito estar trabalhando, estar produzindo. Me dá uma raiva danada estar apta a realizar tantas funções, intelectualmente falando, e não conseguir pois o corpo não ajuda.
Semana passada minha filha mais velha saiu de casa...Dias antes ela veio me perguntar o que eu acharia se ela fosse morar com as amigas. Eu achei ótimo!
Quando eu tinha 18 anos eu fiz a mesma coisa. Mas não fui morar com amigas, fui morar sozinha. Aliás, eu estava grávida dessa minha filha quando tomei a decisão.
Por incrível que pareça em 86 ainda era um tabu ser mãe solteira...Eu nunca tive vergonha por isso. Acho que as mães solteiras devem ser valorizadas, pois é a decisão de criar um filho sozinho ao invés de abortar, contra tudo e contra todos. Como meu irmão ficou muito chateado com o fato de eu estar grávida resolvi sair, dar um tempo.
A sorte é quando minha filha nasceu ela foi bem aceita...somente meu pai e meu avô que demoraram dar o braço a torcer.Ela já nasceu linda...rs...a primeira lembrança que eu tenho da Thu são os cabelos. Cabelão encaracolado...rs
Meu pai a conheceu com uma semana. Foi lá e pediu pra ver "a menina". Meu vô o processo foi mais demorado...Ele só foi conhecê-la quando ela teve miocardite. Estava com mais ou menos 6 meses. Ela ficou uma semana hospitalizada e a família, incluindo meu avô, achavam que ela não ia sobreviver. Foi uma época muito difícil, barra mesmo. Felizmente com medicação e tratamento aos 5 anos não existia mais traços da doença.
Não criei meus filhos para ficarem em casa. Eu quero que eles ganhem o mundo, adquiram confiança em si próprios, aprendam com os erros, como eu fiz.
Minha filha tem tudo pra dar certo. Terminou a faculdade, tem experiência, começou a trabalhar muito cedo, aos 16, eu sempre incentivei o trabalho, a independência financeira. Isso para no futuro, caso ela venha se casar de novo (vai demorar muito tempo eu acho) ela não fique dependendo de marido para se sustentar, não fique amarrada em uma relação apenas por dependência econômica.
A outra filha que fez 15 esse ano está no mesmo caminho. Ano que vem ela começa a trabalhar.
Mas voltando...por incrível que pareça, a casa parece mais vazia, mesmo sem a presença de apenas um filho.
Daí dias atrás eu disse para o meu marido que estava pensando, quando daqui alguns anos todos sairem de casa, se casarem, acho que só me restará o Paulinho e os netos...rs
Ele até brincou e disse que por causa da diferença de idades de nossos filhos (somando os meus e os dele são seis) a casa jamais ficará vazia. Mas o coração fica né?
Não tem jeito. Quando ela se casou eu tive a mesma sensação. Infelizmente ou felizmente, sei lá, o casamento não deu certo. Eu achava que ela não deveria se casar tão cedo. Não há que haver pressa para se casar, pois tem que ser muito pensado.
O casamento não é somente entre duas pessoas. Mas é conhecer e as vezes viver parte da vida do seu parceiro. É compartilhar sua vida com alguém de personalidade diferente. É defender sua individualidade mesmo querendo ser íntimo. Enfim, é um exercício de paciência, de dedicação, de abdicação, de superação de crises. Casamento é pra gente louca, os são não se casam...rs
Mas voltando de novo, quem é mãe sabe o que estou sentindo. A preocupação com o bem-estar de nossos filhos não somem jamais. Longe ou perto, será sempre assim...
Enfim, espero que o vôo da minha filha para a independência seja repleto de felicidade, de conquistas, de construção de um ser humano sempre melhor.
Abraços a todos!
Clê

2 comentários:

Unknown disse...

Clê!
Fazia tempo que eu não espiava esse blog...
achei tão bonita suas palavras, parecia até minha mãe conversando comigo sobre a vida, casamento, liberdade. Me lembrei de como as coisas na nossa vida acontecem rápido, do dia em que eu sai de casa, dos dias em que eu desejei voltar e como vai ser qdo a minha menininha decidir alçar seu vôo.
Fazia tempo que eu não me lembrava desta "parte de mim"; obrigada por lembrar!

Clê disse...

Oi Renata, fico muito feliz com sua visita e seu comentario.
Ainda estou me acostumando, ontem ela estava aqui, bem feliz da vida com a nova rotina...rs
Ser mãe tem dessas coisas, a gente pode falar o que sente sem se sentir "piegas"...rs
Um grande abraço!
Clê