quarta-feira, 20 de maio de 2009
HC - Programa de controle da dor
"Programa de controle da dor do HC será referência para outros hospitais
Luiza Caires / USP Online
lucaires@usp.br
Apesar do sofrimento e problemas de saúde derivados que traz às suas vítimas, há duas ou três décadas a dor não era uma das maiores preocupações dos médicos. E, segundo o professor Irimar de Paula Posso, da Divisão de Anestesia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em algumas instituições ela até hoje não é considerada desta maneira. Assim, a ideia principal do programa Dor, quinto sinal vital, que Posso coordena, é a de treinar equipes no próprio HC e em outros hospitais do estado de São Paulo para avaliar periodicamente a dor dos pacientes e lhe dar a devida atenção. “Isso exige, além do treinamento dos profissionais, adequação dos prontuários, do hospital e da terapêutica”, explica.
Há cerca de 10 anos o hospital tem trabalhado internamente com conceito de dor como quinto sinal , bem como com seu controle especializado. Em 2005, após uma semana de preparação das equipes de médicos e enfermeiros e adequação dos prontuários do hospital, o Dor, quinto sinal vital foi oficializado, com grande repercussão entre os pacientes e também na mídia. Como o modelo de treinar outras instituições em diferentes áreas não é algo novo no HC, surgiu a proposta de oferecer, a partir deste ano, treinamentos externos também neste campo.
Entre os hospitais que já foram contatados e manifestaram interesse em participar do programa estão Pérola Byington, Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Hospital do Mandaqui e Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Segundo Posso, o HC pode dar conta de lidar com tantas instituições porque trabalha com um sistema de multiplicação. Trata-se, como explica, de “treinar para treinar”, e então os próprios hospitais podem dar continuidade ao trabalho.
Identificação
Existe uma rotina – aplicada desde nos mais simples até nos maiores hospitais – que consiste na avaliação, de seis em seis horas, dos quatro sinais vitais do paciente (temperatura corporal, pressão arterial, pulso e frequência respiratória). Os dados são anotados na ficha do paciente para que o médico que o acompanha verifique-os durante as visitas, e também para que, quando um sinal vital estiver alterado, sejam tomadas medidas para que ele retorne ao padrão normal.
O programa do HC, então, tenta dar à dor um status semelhante ao dos outros indicadores. “Na verdade, a dor não é um sinal vital, é um sintoma. Porém, adotamos a idéia de dor como sinal vital para fazer com que ela fosse medida juntamente com os quatro sinais em si, e que sejam tomadas as providências quando necessário”, esclarece o médico.
Utiliza-se uma escala para classificar a dor, que pode ser quantificada de várias maneiras. É mostrada ao paciente, para que ele indique como se sente, uma régua que vai de zero a dez (0 a 3: dor controlada; 3 a 7: moderada, precisa de tratamento; 7 a 10: dor intensa, exige tratamento e reavaliação do tratamento atual).
Treinamento
Como quem fica mais tempo como o paciente geralmente é o enfermeiro, foi pela equipe de enfermagem que o treinamento foi iniciado. Áquila Lopes Gouvêa, enfermeira da equipe de controle da dor do HC, ressalta que a parte mais importante do trabalho é conscientizar os profissionais em relação à importância do programa. O treinamento aos enfermeiros inclui ainda aulas teóricas de fisiopatologia da dor e a parte prática da avaliação, que deve ser periódica e contínua.
A atuação junto aos médicos, por sua vez, também visa capacitá-los tanto a avaliar quanto a lidar com esta avaliação. E a recepção dos diversos profissionais tem sido boa. “A dor é algo que todos vivenciamos, então percebemos que as pessoas se sensibilizam em querer melhorar a qualidade da assistência”, relata Áquila.
O professor Posso lembra que a rotatividade de profissionais no HC é muito grande, então acaba sendo necessário um “eterno treinar”. Além disso, estão sempre surgindo novos anestésicos, novas técnicas e novas abordagens da dor, que demandam atualização das equipes.
A dor de cada um
Na medicina, existem cerca de 30 termos para que alguém descreva a sua dor; mas a dor é uma experiência subjetiva, que só a própria pessoa que está sentindo conhece. “É um sintoma, mas de avaliação muito difícil, pois a definição também depende da vivência que aquela pessoa já teve com dores. Tanto varia de intensidade de indivíduo para indivíduo, como pode variar numa mesma pessoa, de acordo com o momento em que está vivendo – quem está deprimido sente mais a dor, por exemplo”, explica o professor.
Basicamente, a dor pode ser diferenciada entre aguda e crônica. A primeira é gerada por uma lesão, de início súbito e com função de alerta, para fazer a pessoa procurar socorro. Depois que houve o alerta, não há motivo para que ela permaneça; se permanecer vira dor crônica. “A dor crônica, apesar de mais difícil de combater, deve ser tratada, pois, além de sofrimento, causa outros problemas como aumento da pressão, perda de apetite, e dificuldades respiratórias”, aponta Irimar Posso.
Como exemplo de dores intensas, o médico cita a dor de dente, quando há necrose da polpa dentária, e os diversos tipos de tumores que comprimem os nervos.
Diferentemente do câncer, que pode levar à morte, há também dores que não representam risco de vida, mas que incapacitam o acometido de realizar suas atividades diárias, trazendo grande prejuízo. Este é o caso de quem apresenta fibromialgia ou dores lombares frequentes.
Há ainda dores diferentes do padrão conhecido, que tornam o tratamento ainda mais complexo. Este é o caso da chamada “dor fantasma”, relatada pelo paciente em um membro ou órgão que já foi amputado ou retirado. “Muitos médicos não sabem lidar com este problema, e acham que é alguma questão psicológica do paciente, mas trata-se de respostas latentes dos neurônios”, afirma o médico."
Essa noticia foi enviada por minha amiga Fernanda e publicado na íntegra. Para aquelas pessoas que moram em São Paulo, existe a opção de procurar esse programa de "controle da dor" no HC e testar pra ver se funciona.
Abraços
Clê
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