quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Quando a perda torna-se banal...

Então nem preciso dizer que o Estado é o recordista em mortes com gripe A.
Hoje, 202 óbitos no Estado. Me lembro dos primeiros dias, quando foi divulgada as primeiras mortes aqui na Capital. 2 mortos, depois 5, 9 e assim sucessivamente.
Percebam que os primeiros números são os que causam mais impacto. Depois parece que a gente se acostuma não é mesmo?

Como as pessoas podem se acostumar com a perda, como lidar com o luto e com o sofrimento? Lembro quando meu pai faleceu, nas primeiras semanas fui tomada de imensa saudade e lembranças, e isso que eu e meu pai sempre brigamos, mas nunca lhe faltei com o respeito. Sempre brigamos por termos idéias diferentes sobre a vida, sobre o mundo.

Um sentimento de remorso tomou conta de mim. Depois com o tempo descobri que eu não havia sido mau para o meu pai. Apenas divergimos de ponto de vista (de várias coisas) o que é saudavel. A vida é um aprendizado, contínuo.
Depois passa-se um mês, um ano, uma década. O sentimento de saudade continua, a sensação de perda continua, mas em outro patamar. Já não nos choca mais a perda...Não entramos em desespero, não entramos em pânico.

Hoje fui surpreendida pela morte de uma amiga querida, 2 anos mais nova que eu, que faleceu abruptamente, vítima de um ataque cardíaco fulminante.
Não ha outra forma de receber tal notícia. Imediatamente a sensação de perda se restabelece e vivenciamos de novo velhos sentimentos.

O sentimento de vazio. Um vazio que não é preenchido por nenhuma palavra.
Nada pode preencher um lugar que até aquele momento foi de uma pessoa. Um sentimento vivo, de amor, de carinho, de amizade, vivenciado e revivido a cada dia.
Quisera eu que continue sempre a ser assim. Que a perda não se torne um sentimento banal, como aqueles que agora fazem parte da fria estatística, viraram um número em um boletim.
Quisera manter minha humanidade intacta e continuar me chocando com as perdas...
Abraços a todos!

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