Transcrição de artigo:
Dor não é punição.
Nem devemos nos acostumar com ela
Dr. Manoel Jacobsen, neurocirurgião
É fundamental investigar a causa da dor e tratá-la de maneira adequada, com orientação médica. Engano pensar que a dor deve ser ignorada ou que ela é decorrente de um castigo divino, como alguns já imaginaram.
Talvez seja possível dizer que todos nós já sentimos algum tipo de dor, em algum momento da vida. É preciso, porém, saber identificar quando devemos procurar ajuda de um médico, alerta o Dr. Manoel Jacobsen, que chefia o Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC - FMUSP).
Há pessoas, diz ele, que suportam uma dor por anos antes de buscar auxílio profissional. Essa atitude prejudica a qualidade de vida, o desempenho profissional, escolar, enfim, pode acarretar em grandes prejuízos, inclusive, para a auto-estima.
“A dor tira a qualidade de vida das pessoas – o prazer, suas relações sociais e pessoais ficam comprometidas”, reforça o Dr. Cláudio Corrêa, que também atua no Grupo da Dor e presidiu o último Simbidor, simpósio que discute as tendências para o diagnóstico e tratamento da dor.
Dr. Cláudio Corrêa, neurocirurgião
Relato dos detalhes
Um dos principais temores das pessoas é a demora pelo diagnóstico. Nem toda dor é tão facilmente identificável. Porém, é importante que compreendamos que não há dor que não possa ser tratada.
A investigação começa pelos dados históricos do sintoma. Daí a importância do paciente contar todos os detalhes ao médico. Há casos, inclusive, em que é preciso também o relato dos familiares.
Classificação
A dor, que é uma sensação anormal resultante da estimulação das terminações nervosas nos órgãos ou regiões sensíveis do corpo, pode ser classificada em:
Dor aguda
• é um sinal de alerta ou defesa
• denuncia que algo está errado no organismo
Exemplo: a dor quando se corta um dedo ou a sensação de dor no peito quando ocorre um infarto.
Dor crônica
• não é um sinal de alerta
• é uma doença
• pode durar meses ou anos
• ser freqüente ou periódica
• a dor crônica pode ter múltiplas causas
Alguns exemplos de dor crônica:
Dor por aumento da nocicepção - ocorre devido a um processo inflamatório, por exemplo, por queimaduras ou fraturas
Dor neuropática - acontece por alguma lesão ou alteração do tecido nervoso
Dor mista - a dor oncológica é um exemplo, ocasionada pela soma de uma inflamação mais um tumor
Dor psicogênica - dor induzida por algum transtorno psiquiátrico, como um trauma sofrido
Dor psiquiátrica - muitas vezes confundida com a psicogênica, mas esta é o resultado de fantasias, é um fenômeno sensitivo, sem ter causa específica, difícil de ser diagnosticada
Depois disso, segundo o Dr. Jacobsen, podem ser realizados diversos exames complementares para averiguar suspeitas ou indicar possíveis causas para a dor sentida.
Compreender a dor
Tão importante quanto tratar a dor é compreendê-la, salientam os médicos. “O paciente precisa aprender sobre a dor, entender como ela acontece, para que continue levando sua vida e suas atividades diárias”, explica Dr. Jacobsen. É comum a pessoa abandonar a vida social, a convivência com amigos e com a família, deixar de fazer atividades físicas e mentais por sentir dor.
No entanto, os pacientes com dor devem fazer exatamente o oposto, e procurar conversar, sair, fazer esportes, ler livros, todas as atividades que dêem prazer, enfatiza o médico.
Tratamento
Felizmente, a Medicina tem evoluído muito e é cada dia mais possível tratar adequadamente a dor. É certo que nem toda dor pode ser curada, mas o que os especialistas salientam é que toda dor tem tratamento.
A abordagem, mais moderna, é multidisciplinar. Ou seja, vários profissionais, de especialidades diferentes, e vários recursos podem ser empregados para aliviar a sensação e recuperar a saúde e a qualidade de vida do paciente.
Há medicamentos de diferentes categorias, procedimentos cirúrgicos, psiquiátricos, técnicas e terapias específicas que podem ser recomendadas a depender de cada caso.
“Um programa educacional para o paciente com dor crônica é fundamental”, explica o Dr. Jacobsen. Nele, o paciente aprende conceitos e medidas práticas para lidar melhor com a dor.
Dor de cabeça
“Desde sempre sinto dor de cabeça. Nos primeiros anos, minha mãe me levava ao pediatra que me medicava, e as dores aliviavam. Somente aos 14 anos, quando fui finalmente a um neurologista e fiz exames específicos como tomografia, recebi o diagnóstico: enxaqueca. Hoje, me acostumei a conviver com a dor, mas é terrível sentí-la. A dor atrapalha meu sono e minha alimentação. Duas vezes fui parar no hospital por conta de crises fortes de dor.” Francisco Sacramento, 27 anos, administrador de empresa.
Fibromialgia
“Há três anos tive o diagnóstico de fibromialgia, mas já sentia dores pelo corpo todo há muito tempo. Fui obrigada a adquirir novos hábitos de vida que me ajudam a suportar a dor. A hidroginástica foi um deles. Hoje, fazendo acompanhamento médico rigoroso, praticando atividades físicas e tomando medicações minha qualidade de vida melhorou muito.” Mariza Ghenov, 55 anos, professora.
Analgesia congênita
Vale estarmos alertas sobre a chamada analgesia congênita. É uma deficiência estrutural do sistema nervoso periférico central, muito rara, com a qual o paciente não sente dor alguma, mesmo que se corte ou que esteja com sapatos apertando seus pés. São casos graves, pois a pessoa não possui o sinal de alerta que é a dor. Nesses casos, o paciente necessita de muita orientação e treinamento para que estabeleça novos hábitos e cuidados.
Associação Aliviador
A ONG Aliviador – Programa Nacional de Educação Conti-nuada em Dor e Cuidados Paliativos tem desenvolvido diversas ações visando modificar a forma como a dor é vista e tratada e, conseqüentemente, melhorar o atendimento à população.
Diversos programas de educação sobre dor — para médicos, profissionais de saúde e pacientes — já foram aplicados em muitas cidades brasileiras, difundindo o conceito dos cuidados paliativos.
O objetivo é o de aliviar o sofrimento de pacientes e capacitar o médico a diagnosticar e tratar a dor, informam Marilda Duarte, presidente da ONG e Dr. João Augusto Figueiró, coordenador científico da Aliviador.
PS: Eu visitei muitas paginas a respeito da dor, essa achei mais completa, o link do site aqui reproduzido está logo acima.
Acho importante para nós que temos dor crônica quanto mais informações e estudos tivermos a respeito melhor.
Leiam, comentem...
Eu to igual, esperando os exames...
Abraços
sábado, 29 de agosto de 2009
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2 comentários:
Oi Cle,
Pesquisando sobre DOR NEUROPATICA achei o seu Blog.
Me solidarizo com você pq meu marido padece ha cerca de 5 anos com essa malvada dor neuropática. A dor dele é em forma de queimação. Ele refere que parece "uma água quente que escorre pelo lado direito do corpo dele". Já tomou de tudo: atualmente toma LYRICA (pregabentina) sem alívio total, mas parece que alvia um tantinho. Pra dormir toma RIVOTRIL. Na real, o "amigo" mais fiel dele é o RIVOTRIL, pois com ele dorme bem à n noite.
Olha, eu que convivo com ele o tempo todo sei bem o que é isso...
O meu marido sofreu AVC isquêmico em 2005 e logo em seguida passou a ter esta dor, que com o tempo tem aumentado os picos de crise.
Ele tb não se deu bem c/a acupuntura (nem eu!) e tem feito de tudo.
Vc já tentou praticar yoga? É comprovcado que o trabalho respiratório (princípio do yoga) ajuda em muito no controle da dor. pena que os homens são YANGS mesmo e resistem a essa prática.
Bom vou ficar por aqui pra náo me alongar demaais nesse comentario.
Qeu Dios te dê sempre cada vez mais força! Os que padecem dessa malsinada dor são estoicos mesmo.
Abração
Nathasha
Oi Natasha,
Somente quem acompanha o dia-a-dia de alguém com dor ou passa por ela, sabe do que estamos falando.Eu ainda não tentei rivotril nem ioga, mas falarei com meu médico a respeito.
Agora vou tentar o RPG, nunca se sabe né?
Muito obrigada por visitar o blog e deixar seu depoimento.
grande abraço.
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