domingo, 18 de janeiro de 2009

"Saga" - 2004, 2005 e 2006


Estou com meu quadril em ondas de dor, dói tanto, que não dormi essa noite...Tive espamos de dor a noite inteira, então madruguei!

Vou espremer três anos em um post...Esses talvez tenham sido aqueles que eu achei que ainda tinha esperanças.

Em 2004 fiz diversos bloqueios com anestésicos, praticamente todos os meses. No fim, eu nem achava mais dolorida a agulha nem o procedimento. Fiz também infiltrações com corticóides, dizem que o efeito dura seis meses, no meu caso tb não durava, não resolvia, e a única coisa que eu sentia de diferente era o inchaço, então entre uma infiltração e outra, as vezes eu tava menos ou mais inchada.

Em novembro de 2004 fiz um procedimento cirurgico chamado "rizotomia por radiofrequência".

Radiofreqüência é uma onda de energia gerada por um aparelho que provoca calor numa determinada área de tecido, até destruí-la. Para se obter isso, uma agulha apropriada que possui um eletrodo na sua ponta é colocada de forma percutânea no local que se pretende queimar. A agulha é conectada à fonte emissora de energia através de um cabo. Paralelamente, placas de drenagem de energia são colocadas na coxa do paciente e conectadas a fonte fazendo do paciente um circuito elétrico. A energia aplicada na ponta do eletrodo provoca agitação dos componentes celulares e isso gera calor intenso devido a fricção. Esse processo pode provocar temperaturas acima de 500º que leva à morte celular e necrose de coagulação.


Então o procedimento não significa mais que a ablação de terminais nervosas que circundam as facetas articulares e as inervan, oferecendo assim a capacidade nos conscientizar do estado funcional da articulação.

A lesão e produzida por uma agulha que irradia calor, controlada externamente na sala de cirurgia.
Introduzida na região lombar e acompanhada por radioscopia para atingir o alvo com precisão .
Fonte de radiofreqüência que libera energia a traves de sua terminal (agulha) em forma de calor
As agulhas vem de diferente comprimento todas elas revestidas por um material com qualidade isolante, deixando exposto só o terço distal.
Com isto preveni-se que se produza uma lesão no trajeto da extensão da agulha. O paciente é posicionado em decúbito dorsal, onde acima está posicionada a agulha e o "alvo" é conferido por meio de radioscopia.
Desta maneira são destruídas os terminais nervosas sensitivas das facetas degeneradas. Conseqüentemente a este procedimento as vias que transportam a sensibilidade articular são banidas do circuito assim o síndrome doloroso crônico que limitava sua funcionalidade, em tese.
O procedimento rizotomia percutanea por radiofreqüência e um método alternativo assim como outros, para o tratamento de síndromes dolorosos crônicos de difícil controle. Em muitas ocasiões juntar outras técnicas para tentar abranger cada particularidade desta patologia facetaria.

O esperado era que, com a "cauterização" das facetas, a dor me desse um alívio, uma trégua. Fiquei realmente dois dias internada, como combinado. Mas não durou muito tempo. No dia seguinte comecei a sentir um dor terrível, tipo queimação, em forma de U invertido, que ia desde o quadril até metade da coxa. Doia demais, não conseguia fazer nada, não conseguia nem encostar a roupa naquela região, foi aí que descobri a tal da alodínia, que dá descrevi quando falei de dor neuropática.

Passei a tomar mais remédios, aumentamos a dose da gabapentina de 300 mg para 400mg três vezes ao dia. A metadona não funcionava, passei a ir para o pronto-socorro com mais frequência.

Em média de duas a três vezes por semana eu ia ao PS para tomar morfina na veia, que dava um alivio de cerca de duas horas. Mas ninguém é louco de pedra pra ficar indo e vindo de pronto-socorro.
Em 2005, mesmo com a dor muito forte, retornei para a faculdade, mas isso quero contar depois

Nesses três anos então, a vida seguiu nesse ritmo: dor, infiltração, bloqueio, PS. Eu perdi a conta dos numeros de bloqueios, acho que bloqueei!!!

Fisioterapia cinco vezes por semana, sendo que não consegui chegar nos exercícios. Como fazer exercícios com dor? Como viver com dor? Todos esses anos passei fazendo procedimentos para controlar a dor...

Mas cansa...As enfermeiras e atendentes já me conhecem, os neurologistas já me conhecem. Já até descobri as siglas para os residentes: R1, R2, R3, dependendo do ano que estejam no hospital.

Uma enfermeira, querida e brincalhona, Estela, me perguntou se eu já tinha feito planos para o ano-novo, e eu disse que não, e no dia 31/12 lá estava eu, no plantão sendo atendida, ela disse, ainda bem que a Sra. não fez planos...Fazer planos como?

Quem vive em função da dor não planeja, não viaja, não tira férias. Ela se torna sua (pior) companheira, a mais indesejável, porém a mais constante!


Bom domingo a todos!
Quero agradecer a minha prima Cida, em especial, por estar acompanhando meu blog. Estou muito feliz por isso, claro, como já disse, as circunstâncias não são boas, pois dor não se deseja a ninguém. Agradeço a todas as pessoas que tem me lido e espero que meu relato sirva para alguma coisa.
Abraços!
Clê

2 comentários:

Unknown disse...

oi cumadi ti amo muito espero que vc fique bem bjos

Clê disse...

Jaci, tb te amo muito "cumadi", eu sei que sou a cumadi mas destrambelhada que existe, mas amo muito vocês todas!